Livro: "A lista de Brett" - Lori Nelson Spielman

O livro se inicia com a executiva de marketing Brett Bohlinger tentando lidar com a morte de sua mãe, Elizabeth, após um câncer. Mal tendo absorvido tal situação, no momento de receber sua herança, as coisas não acontecem conforme Brett imagina. Ela acreditava que, além de presidir a empresa Cosméticos Bohlinger em substituição a mãe, estaria na divisão dos bens normalmente como seus irmãos porém, quando a família se reúne com o advogado contratado especificamente para este fim, eis a surpresa: Elizabeth deixa, além de seu testamento, uma lista de sonhos escrita por Brett quando a mesma tinha 14 anos, que foi guardada pela mãe, com a condição de receber a sua parte na herança se cumprisse os itens da lista no período de um ano...




Isso tudo deixa Brett desolada pois ela tem a impressão que os irmãos ficaram tranquilos enquanto ela estaria perdendo tudo o que tinha em detrimento de cumprir uma "lista idiota" e se questiona o motivo de a mãe ter feito isso com ela: Como uma lista feita por uma adolescente poderia fazê-la feliz nos dias atuais?? Por que uma pessoa com 36 anos, um bom emprego, um namorado bem sucedido, morando em um lindo loft em um ótimo bairro, um carro maravilhoso e dinheiro na conta teria que se submeter a isso?

Com isso, as coisas começam a ruir na vida de Brett: ela se vê sem seu emprego na empresa da mãe, a cunhada ficando com o seu cargo na presidência e um relacionamento desmoronando. Os irmãos parecem não estar muito preocupados com a situação que ela está vivendo e Brett começa a se ver sem alternativa a não ser cumprir a bendita lista que tem itens como: ter um filho, ter um cachorro, fazer uma apresentação em público, ser professora e amar seu emprego.
A cada item cumprido, o advogado entrega a Brett uma carta deixada por sua mãe.



Esse livro foi muito diferente do que eu esperava... Foi mais profundo e, apesar de não concordar com algumas coisas na leitura, me fez refletir sobre algumas questões. Inicialmente Brett me irritou com a submissão ao namorado, a falta de firmeza diante dos irmãos em algumas situações e de sua própria vida. Ver Brett amadurecendo com o passar das páginas é muito interessante, fazendo com que eu torcesse mais por ela. A forma atrapalhada que ela lida com a vida amorosa também evolui a medida que conhecemos alguns "pretendentes". A relação de Brett com a mãe parecia tão linda e próxima mas essa afirmativa cai por terra não somente por este plano de Elizabeth mas por alguns fatos que se revelam a seguir. Confesso que achei as cartas da mãe um pouco forçadas, pois soam como se de fato ela soubesse exatamente o que aconteceria com a vida de Brett em cada item da lista mas relevei, rs. Gostei muito da leitura ser em primeira pessoa, fluiu muito bem.

A cada página, permaneci na expectativa do que aconteceria a Brett e se ela realmente conseguiria cumprir as tarefas e de que forma isso de desenrolaria pois, fui percebendo que não seria, nem de perto, como ela imagina no início do livro.

A leitura nos leva a reflexões sobre recomeço, zona de conforto, realização de sonhos, encarar os medos e, consequentemente, amadurecimento. Quantas listas já fizemos e não levamos a diante?



"Eu acho que cada um tem o poder de realizar os próprios desejos. Só precisamos encontrar coragem para isso."


Beijos e fiquem com Deus!!   






Livro: "A probabilidade estatística do amor à primeira vista" - Jennifer E. Smith

"... o amor, diferente das bagagens, jamais se extravia."

O livro conta a história de Hadley, uma garota de 17 anos que está indo dos EUA a Inglaterra para o casamento de seu pai. Ela não o vê há um ano e se sente muito contrariada pela situação ainda mais pelo fato de nem mesmo conhecer a noiva pessoalmente. No aeroporto, o destino de Hadley se cruza, de forma inusitada com Oliver, um gentil rapaz inglês e assim, acompanhamos 24 horas na vida de Hadley.



" No final das contas, não são as mudanças que partem o coração, e sim esse quê de familiaridade. "


Já ouvi diversas indicações sobre esse livro e quis lê-lo neste momento também por se tratar de um YA, gênero que gosto bastante. Havia acabado de sair de um livro mais pesado então, busquei uma boa leitura, mais leve porém confesso que esperava mais diante de tantos elogios que vemos sobre a obra. 



Primeiramente, acredito que o livro poderia estar em primeira pessoa ao invés de terceira pois, em todo momento, lemos somente sobre o que Hadley vive ou sente. A leitura ficaria mais fluida. Além disso, o excesso de flashbacks, principalmente em meio a momentos impactantes, tiraram um pouco a minha atenção da cena principal sobretudo quando estes contavam histórias longas que nem sempre justificavam essa inserção. Também achei a personagem Hadley imatura um pouco além da conta e isso contribuiu para que a história não me prendesse. Uma leitura que poderia ser feita rapidamente, arrastou-se em alguns momentos pelos motivos acima.




Este livro também tem pontos positivos: descreve momentos muito românticos, é fácil se encantar por Oliver... algumas vezes me peguei com um sorriso bobo diante de cenas fofas da viagem. É legal pensar em alguns contrates entre os EUA e Inglaterra que são citados ou imaginar as diferenças de sotaque.

Vale a leitura para quem procura uma história leve para passar o tempo.


"Será melhor ter alguma coisa e perdê-la, ou nunca a ter tido?"
Beijos e fiquem com Deus!! 

Livro “Não conte para a mamãe” – Toni Maguire

“Sentia-me segura do amor da minha mãe. Amava-a e sabia que ela me amava. Ela haveria de mandá-lo parar. Mas não mandou.”


“Não conte para a mamãe – Memórias de uma infância perdida” é um livro onde a autora Toni Maguire conta a história de sua triste infância marcada por abusos físicos e psicológicos. Quando tudo começou, Antoinette, como era chamada pela família, tinha apenas 6 anos e, mesmo assim, ela jamais pode se esquecer dos detalhes, da dor, do abandono e de tudo o que sentiu.

A história se inicia com Toni acompanhando a mãe já idosa em estado terminal em um hospital quando ela começa a refletir e ter que lidar com os fantasmas de seu passado. Na década de 1950, o pai de Antoinette, um veterano da 2ª guerra mundial, retorna em definitivo para casa. Com as dificuldades financeiras e de emprego na Inglaterra, o pai, que gastou todo o dinheiro da indenização recebida depois da guerra, decide se mudar com a família para a Irlanda do Norte, sua terra natal.
Após a mudança, o pai, até então, bom para Antoinette, tenta se aproximar de forma estranha da filha de apenas 6 anos, com carícias, um beijo... E, nessa mesma ocasião, ele pediu segredo a menina.
Tendo oportunidade, Antoinette tentou contar o fato a mãe que transparecia ter medo do que estava por vir e pediu para que nunca mais a menina falasse sobre isso. NUNCA MAIS...

“Com uma triste resignação, apercebi-me de que a minha mãe sempre soubera o que o meu pai sentia por mim.”

Nesta história, lemos sobre um homem de atitudes monstruosas e manipuladoras. Foram anos de total exploração sexual, tortura física e psicológica feitas a uma criança e, posteriormente com o passar dos anos, a uma adolescente que não tinha a quem recorrer. Coagida por ameaças feitas pelo pai de que as pessoas não acreditariam, a culpariam por tudo, que a sua mãe a expulsaria e deixaria de amá-la, Antoinette sedia aos desejos desse pai tão asqueroso. Vemos uma mãe não somente relapsa e omissa mas egoísta, que priva a filha de seu amor e cuidado. Imersa em seus desejos de possuir uma casa própria, da vida profissional e financeira estáveis e da atenção do marido, de fazer parte de um aparente lindo casal em detrimento da integridade da própria filha, fazia com que a mesma passasse por situações de total abandono afetivo e, até mesmo, em relação sua higiene e vestuário. A atitude dessa mãe tem alguns lapsos de melhora somente quando as coisas correm da forma que ela deseja, indo ao encontro de seus objetivos e quando não aborrecem ao seu homem.

Não havia me preparado para essa leitura e acredito que nada teria me feito sentir pronta para o que estava por vir. Comecei o livro mal tendo lido a sinopse e não imaginei tamanha riqueza de detalhes ditos de forma tão direta. Acompanhar essa história é triste, doloroso e revoltante diante de sua realidade e de tantas outras histórias que ela representa.




Chorei... com vontade consolar Antoinette, tirá-la dessa situação, dizer a ela que não merecia isso e nada deve a essa mãe nem ao julgamento das pessoas. Toni sentia uma necessidade tão grande de ser amada que, durante anos, culpara apenas o pai. Achava que a mãe era apenas uma pessoa fraca. Uma criança, que deveria ter amor e proteção junto a sua família, teve a infância e juventude destruídas. Diante das outras pessoas, a família se passava por comum, com atividades sociais cotidianas mas somente Antoinette sentia o que lhe traria consequências em diversos os âmbitos de sua vida. Depois de tudo, ainda teve que sofrer com todo o preconceito e a rejeição por parte das pessoas, pela culpa que nunca foi dela...

Recomendo fortemente a leitura, apesar de se tratar de algo tão difícil e pesado, para que possamos, enquanto sociedade, abrir nossos olhos, nos atentar aos sinais de que pode existir alguma “Antoinette” sofrendo silenciosamente precisando ser acolhida.




“Pode construir-se uma casa e torná-la bela. Pode-se dar-lhe o aspecto mais  maravilhoso possível e mobilá-la com objectos encantadores. Pode-se  transformá-la num símbolo de riqueza e sucesso, como eu fiz com o meu  apartamento em Londres, ou pode-se fazer dela um lar e enchê-la de felicidade.  Mas, se desde logo não se teve o cuidado de construí-la sobre fundações sólidas,  ao longo dos anos as rachas começarão a aparecer. Se não houver tempestades  que ameacem a sua estrutura, pode manter-se de pé para sempre, mas, sujeita a  pressão, em condições atmosféricas adversas, ruirá porque não passa de uma  casa mal construída.”


Beijos e fiquem com Deus!!